domingo, 14 de novembro de 2010

Um pouco sobre o Cubismo

Conheçamos esse maravilhoso e perturbador movimento artístico, que influenciou a pintura, a escultura, a arquitetura, a poesia... que mexeu profundamente com as estruturas da arte até então produzida.
Nessa sexta-feira na aula de História da Arte recebemos mais uma preciosa lição - adoro essa disciplina! Vimos aspectos gerais sobre o Cubismo e os movimentos influenciados por ele.
Esse movimento artístico foi fundado em 1907 por Pablo Picasso e Georges Braque. Sua intenção era mudar toda a estética artística praticada até então. As obras passaram a ser instigantes, perturbadoras, pois não se visualizava a ideia do artista (ou o que ele queria retratar) logo ao bater do olho, ao contrário do Renascimento, quando você podia olhar um quadro e saber do que se tratava logo na primeira impressão.
O Cubismo não foi estático, passou por duas fases que foram desde a pintura simples (Cubismo Analítico), até a inclusão da colagem e de novos materiais nos quadros (Cubismo Sintético), e exerceu fundamental influência sobre movimentos como o Construtivismo, Art Déco e outros.
A arte africana também foi grande fonte de inspiração para os cubistas. Repare, logo abaixo, o quadro "Les Demoiselles d'Avignon", de Picasso, que as duas mulheres da direita usam máscaras africanas. Mas a inspiração africana não fica por aí, pois vem dessa arte a inspiração nas formas geometrizadas, simples. O trabalho final fica até mesmo com um aspecto meio primitivo, como se pode observar na escultura "O Beijo" de Constantin Brancusi.
Picasso passou pelas duas fases do Cubismo (além de suas "fases pessoais", como a Azul, na qual pinta tudo só com azul, por ter sido um período de sua vida em que encontrava-se deprimido), insere novos materiais na sua obra, e até traz a arte mais pueril para o seu trabalho, pois afirmava que queria fazer arte como as crianças porque estas não possuem auto-crítica, não se preocupam com o que será comentado sobre seus desenhos e pinturas. O artista produz esse último tipo de trabalho já com a idade avançada.
O principal e mais lembrado ponto caracterizador do Cubismo é a geometrização das formas. A razão de ser do nome do movimento vem da ideia da planificação da imagem em um cubo, ou seja, imagine uma imagem desenhada em todas as faces de um cubo; agora, mentalize esse cubo sendo aberto e estando num mesmo plano; ora, serão vistas todas as faces do cubo ao mesmo tempo, e a figura não estará mais tridimensionalizada, além de passar a ficar um tanto confusa.
Na Rússia, a inspiração cubista serviu para criar inicialmente cartazes com mensagens de cunho político - sempre utilizando-se da geometrização, pois caracterizava a ideia de "limpeza visual", mas como o governo russo percebeu a força dessas mensagens e suas ideias, proibiu a publicação de cartazes apenas com mensagens e letras, passando a exigir a inclusão de imagens nos mesmos. A partir desse momento nasceu a foto-montagem. Um dos expoentes da arte russa no período foi Kazimir Malevich, vanguardista idealizador do Suprematismo. Cada vez mais foi "limpando" e simplificando seu trabalho, até chegar a um quadro de um quadrado branco sobre fundo branco.
Na Holanda, o maior expoente foi Piet Mondrian (fundador do Neoplasticismo com a publicação da revista De Stjil - O Estilo), um incrível artista que utilizou-se basicamente da geometrização, de inspiração cubista, das linhas horizontais e verticais e das cores primárias. 
Os artistas cubistas foram muito criticados, e até hoje ainda o são. Quem olha um quadro de Picasso, Mondrian, ou de qualquer outro artista com os mesmos fundamentos estéticos, e que conhece pouco de arte, certamente pensará "O que é isso?", "Isso é arte?", "Não estou entendendo esse quadro", "Que quadro bobo!" Achei interessantíssimo o comentário que a professora Dayse fez a respeito desse aspecto, e tal comentário me fez pensar e concordar com a linha de pensamento apresentada, porque é uma pura verdade, e é tão simples, até mesmo óbvio, depois de esclarecido. Ela falou que uma obra cubista é muito mais complexa que uma renascentista, por exemplo, apesar da simplicidade daquela. Isso porque, como falado anteriormente, as obras clássicas, renascentistas, ou de outro período, transmitiam com clareza o que queriam passar. Ex.: no teto da Capela Sistina dá para perceber claramente que as pinturas são de pessoas, homens, mulheres, representações de passagens bíblicas conforme a interpretação do artista, etc, ou seja, quem vê, define cada elemento, e também a fisionomia dos indivíduos retratados. O mesmo não se pode falar a respeito da obra cubista. Para tentar adentrar na mente do artista é necessário um exame mais complexo, pois nada está "prontinho" para os seus olhos. O que Malevich quis dizer ao criar uma obra consistente em um quadrado branco sobre um fundo igualmente branco? Quis ele mostrar uma limpeza visual total? Ou a completa simplicidade? Ou um vazio? Essa é a parte mais instigante que passei a enxergar na arte cubista, justamente esse incômodo que ela gera por termos de tentar descobrir a mensagem do artista. E isso é realmente um incômodo, pois costumamos concordar e gostar daquilo que entendemos na primeira impressão, que causa bom impacto inicial; tendemos a reagir ao que é novo, ao que foge aos padrões que já estão concebidos em nosso cérebro.
Quem se interessar pode pesquisar no Google, e terá amplas ferramentas para estudar mais a fundo o Cubismo. Um livro excelente que nos foi recomendado e que comprei é "Iniciação à História da Arte", de H. W. Janson e Anthony F. Janson.
Não deixe de apreciar algumas obras importantes que ilustram tudo o que comentei nesse post:

"Les Demoiselles d'Avignon" (1907), obra de Picasso, inaugurou o movimento cubista.

"O Beijo", Brancusi

Uma das composições de Piet Mondrian

Perceba o "choque" da arte cubista se comparada aos outros estilos. Na figura de cima, o quadro "La Maja Desnuda", de Francisco de Goya; abaixo dela, a leitura de Picasso para o quadro de Goya.

Mais uma leitura de Picasso, à direita. Dessa vez a referência é a obra "L'Infante Marie Marguerite", de Velázquez, pintor espanhol assim como Picasso e Goya

Kazimir Malevich

Kazimir Malevich

"Guitarra", de Pablo Picasso. Aqui percebe-se a fase Sintética do movimento, com a inserção de colagens no trabalho

Espero que tenham gostado desse rápido apanhado que fiz sobre a arte cubista! Utilizei como fontes de pesquisa a Wikipédia e os conheciementos adquiridos na aula de História da Arte :)

2 comentários:

  1. Adorei! Adoro e tento pintar cubismo.Só faltou uma pintura de Braque.

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  2. gostei de seu blog!
    visite o meu: http://arteemerson.blogspot.com/

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