domingo, 9 de janeiro de 2011

Obras de arte - verdadeiras x falsas

Interessante quando observei mais atentamente o tema título dessa postagem. Há algumas semanas vi um documentário (não lembro mais o canal, provavelmente foi o History Channel) sobre a falsificação de obras de arte. Dentre os artistas mais falsificados no mundo estão Matisse, Picasso, Chagall. Muitas obras de falsários já foram a leilão, ficaram expostas em museus e - garante um dos falsificadores, um holandês - até hoje estão expostas em alguns museus famosos do mundo. Acontece que esse é um grande motivo de preocupação. Foram convidados três peritos para examinarem cinco obras, entre verdadeiras e falsas, e dizer qual era qual. Como seres humanos que são, certamente cometeram erros, todos eles erraram pelo menos uma obra, atribuindo-a como verdadeira quando de fato era falsa e vice-versa, até mesmo e inclusive porque quem falsifica uma obra deve ter um conhecimento profundo do artista, de sua caligrafia (essencial na hora de assinar a obra) e de suas técnicas.
Nos últimos anos, em virtude dessa preocupação, os cientistas de vários países passaram a pesquisar mais a fundo e a criar softwares e aparelhos que possam fazer uma varredura na obra e realizar o reconhecimento (a obra é verdadeira ou falsa?) com maior precisão. Aqui no Brasil profissionais da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais tem se especializado nesses estudos e desenvolvido técnicas eficazes. "O bom falsário é o que copia características do artista, misturando-as em uma nova combinação, jamais existente em uma obra original." Esse era o método utilizado pelos falsificadores que vi no documentário. Um deles (depois que quitou devidamente a sua dívida com a Justiça e não mais reproduz estéticas de outras pessoas) teve sua residência mostrada, e fiquei impressionada porque a mesma era um pequeno castelo, com algumas salas. O sujeito em questão chegou a falar que em cada sala trabalhava "criando" a obra de um artista diferente, com livros e informações sobre ele, materais, telas e tudo o que precisasse para reproduzir a técnica e a estética de determinado artista. Tinha a sala de Picasso, a de Matisse... eram cerca de seis. Ele disse que, por exemplo, tinha dias em que estava mais inspirado para pintar à Picasso, então ia para a sala onde podia encontrar tudo para ajudá-lo a pintar como o artista cubista, e assim por diante.
Algumas vezes não é necessária muita tecnologia para atestar a autenticidade de uma obra, bastando bons coonhecimentos de história da arte, técnicas pictóricas e sobre os artistas. "Foi o caso de um quadro em acrílico atribuído a Guignard analisado pela equipe de Souza. A peça era um contra-senso, uma vez que Guignard morreu em 1962 e o acrílico só começou a ser utilizado em pintura em 1969. Uma peça como essa é reprovada já na análise de materiais [...]". A equipe da UFMG é composta de diversos profissionais de várias áreas, que trabalham em conjunto e em etapas. Após a obra ser analisada por um especialista, vai para análise de um profissional de outro ramo, e assim por diante. "'É preciso ficar atento para o fato de que um verdadeiro artista jamais se copia ou se repete. Quando um elemento formal aparece várias vezes na obra, esse é um motivo para se desconfiar dela', explica o historiador." Os laudos de avaliação dos peritos da UFMG é considerado o mais completo, justamente porque envolve uma equipe multidisciplinar muito ampla que avalia minuciosamente a obra.
"'Muitos falsários plantam a situação. Arriscam na tentativa de obter um laudo verdadeiro. Por isso, temos que ser extremamente rígidos. Nenhuma análise dura menos de seis meses', diz Marco Elísio. 'Sempre que aparecem obras com preços mais baixos que o normal, deve-se desconfiar, pois pode ser um falsário querendo fazer dinheiro rapidamente', observa Souza. Marco Elísio descreve situações em que se suspeita ser um representante do falsário, o chamado 'laranja'. 'Pode ser uma senhora que diz possuir um quadro de Guignard, uma herança do marido que morreu. Ela precisa vendê-lo, então precisa se certificar de que é verdadeiro', conta ele. 'Geralmente, quando fazemos mais perguntas, ela entra em contradição.'"
É super interessante pesquisar sobre o assunto, e tem bastante material na internet. Aos aspirantes a colecionadores de obras de arte, não façam negócio com qualquer um que lhe ofereça uma peça, ainda mais se for de "preço irresistível". Pesquise, resista. E procure um profissional credenciado e reconhecido no mundo das artes para atestar a autenticidade - ou não - daquilo que você possa acreditar ser um Matisse - ou qualquer outro artista.

Fonte de todas as citações dessa postagem: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=2233&bd=1&pg=2&lg=

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