segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Não desenvolve muito a sua criatividade? Faça colagem!

Pode esquecer essa história de "ah, eu não sei ser criativo", ou "não tenho criatividade". Todos nós somos capazes de criar, normalmente com bastante frequência na infância. O que acontece é que quando vamos atingindo as fases da adolescência e as seguintes deixamos essa capacidade de lado, simplesmente não paramos mais para observar as coisas menos complexas da vida - que muitas vezes são grandes fontes de inspiração, focamo-nos apenas em problemas, não utilizamos mais a nossa criatividade de maneira livre e despreocupada com críticas, e sim só passamos a reutilizá-la quando optamos por seguir profissões ligadas às artes, arquitetura, design (de interiores, gráfico, de moda, desenho industrial, etc). Muitas vezes as pessoas já sabem o que desejam seguir como profissão, e nunca param de fazer nada que requeira criatividade; outras vezes, como no meu caso, há uma interrupção brusca e extensa da produtividade da infância e só há retorno para essa produtividade quando se opta por uma profissão daquelas áreas. E esse último caso gera uma situação um pouco mais difícil - mas não impossível. Acredito que criar não seja difícil, acho que o mais complicado é você ser compreendido no conceito que está por trás daquilo que você criou. E essa situação de preocupação com a crítica e com a incompreensão gera um certo bloqueio na nossa capacidade, podem ter certeza. Por esta razão Picasso, em certo momento de sua carreira, resolveu produzir trazendo para si e para as suas obras o instinto infantil - porque as crianças não se preocupam se seus "trabalhos" artísticos vão ser criticados ou não, elas só querem produzir, e mais nada.
Neste primeiro semestre de faculdade, depois de muito tempo "enferrujada", senti a criatividade começando a esquentar de novo, e isso foi graças às aulas de História da Arte e... às colagens! A técnica de colagem (não simplesmente de papéis, mas com a experimentação de materiais de diversas naturezas e texturas que vão desde tecidos até madeiras - técnica derivada da colagem chamada assemblage) é uma grande desenvolvedora da criatividade, e foi exercitada por vários grandes nomes das artes plásticas, como Picasso, Hannah Höch, Matisse, Georges Braque, Kazimir Malevich, Hélio Oiticica, Guignard, Lygia Clark, Kurt Schwitters, Marcel Duchamp... precisam de mais nomes? Citei um brilhante time, não? :))
Foi super importante, assim, uma disciplina que fizemos esse semestre, Laboratório de Criação. Nela passamos o semestre evoluindo um projeto pessoal que começou com uma colagem. Nesse caso, a colagem serviu de inspiração, foi o primeiro passo de tudo. Após ela organizamos as ideias, desenvolvemos etapas, extraímos paleta de cores e texturas, tudo dessa colagem, e por fim desenvolvemos o croqui e executamos o projeto (para o nosso curso de Design de Interiores o projeto foi criar uma luminária conceitual).
Nessas férias, dentre outras atividades, pretendo exercitar a minha criatividade e obter algumas inspirações fazendo colagens. No começo a proposta causou certo estranhamento por parte de alguns colegas, que associavam a colagem a algo infantil, e infelizmente esse é um preconceito que temos em relação à colagem, mas é uma grande ferramenta artística, tanto como inspiração como trabalho finalizado em si próprio, e digo isso porque comprovei na prática a importância e eficácia dessa técnica. Revendo os grandes nomes das artes que escrevi há pouco, e por toda uma técnica que há por trás da colagem e como essa técnica desenvolveu-se ao longo do tempo, cai por terra a ideia de ser a colagem algo "inventado" para crianças passarem o tempo.
A colagem é uma técnica através da qual você pode desenvolver sua capacidade criativa através da "descoberta" de cores, texturas, materiais, pois garante-lhe a curiosidade na experimentação de inúmeras matérias. Mas também pode ser exercida na sua maneira mais simples, com sobreposição - ou não - de jornais, figuras de revistas, diferentes formas de papéis coloridos recortadas, por exemplo. Com esse material, um tubo de cola e um bom papel que sirva de suporte (suporte é a superfície que receberá a colagem, as tintas, a nanquin, etc, como as pranchas Canson, as telas na pintura em tela, e assim por diante; não é bom que o papel seja de fina espessura como os papéis que usamos nas impressoras caseiras) como o Canson de 200g/m2 de gramatura (quanto mais alto esse número, melhor a qualidade do papel. Eu uso a gramatura de 200g, e é ótima para colagens. Eu também tinha a mania de passar muita cola nas figuras - na falsa sensação de que muita cola garante a melhor colagem - mas com a experiência a gente aprende que um pouco já resolve e ajuda a não enrugar o recorte. Um bom exercício para as férias, não acham?

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